
Ao som das vuvuzelas…
Segunda-feira! Não acredito,mais uma semana.
Não posso simplesmente recuar dois dias e voltar a estar em plena Costa Alentejana? Porque será que sempre que faço perguntas ao tempo tenho respostas silenciosas?
Um dia ainda o engano…
Nasce o sol, começa o verão…na rua circulam corpos desprovidos mas ainda sinto o fresco de um calor tímido. Mais um dia e ele teima em não aparecer, os minutos passam e sinto em mim a ansiedade de não conseguir chegar. Aí está ele, mas atrasado.
Algo está diferente…onde estão os ruídos zangados de quem é parte integrante de uma crise nacional? Onde estão as lamentações de quem sofre na pele o aperto do cinto?
Parece que todas as lamurias ficaram perdidas no tempo, dando lugar a uma euforia colectiva…Joga Portugal!!!!
É incrível a capacidade que o futebol tem…capaz de criar uma amnésia momentânea, tornando-nos apenas rostos de uma voz.
Por breves instantes sinto-me à parte de toda esta empatia mas é impossível ficar indiferente a todo este movimento…FORÇA PORTUGAL!!!
Chego ao escritório, o jogo está na ordem do dia…parece que hoje temos almoço futebolístico.
Aqui estou eu de olhos postos na televisão. Para além dos 11 que correm em campo e do verdadeiro treinador ainda estou rodeada dE “ Grandes” treinadores de bancada. Na frente uma mulher histérica que fala com a televisão…recorda-me a minha avó quando está a ver a novela e teima em conversar com os actores. Atrás, um miúdo de voz irritante que ligou as pilhas e parece que ficaram para durar…
Por lá os outros…homens de meia-idade que acarinham os nossos jogadores com termos perversos, jovens que discutem a táctica da nossa equipa e o proprietário do espaço que tem sempre uma “piada” a dizer.
Apesar de todo este ambiente popular sinto-me na minha terra, com a minha gente…
O coração palpitante, as mãos suadas e os sons do entusiasmo, naquele espaço, foram totalmente abafados por uma voz vinda da cozinha…esta alma bradava aos céus e por intermédio do divino rádio partilhava com todos os seus fiéis as previsões daquele momento.
A verdade é que de divino não tinha nada mas de ridículo teve muito...dei por mim de olhos fechados e ouvidos postos no fundo daquele lugar. Pobre alma desprovida de atenção…certamente.
O apito toca e ali estava uma pequena amostra de uma nação esperançosa e orgulhosa daquele momento.
Sempre ouvi dizer... "mais vale ser feliz um dia do que infeliz toda a vida".
Agora é hora de regressar...
Até breve!