Passam por mim, sinto-lhes os passos...no ar a suas respirações e nem por isso uma palavra. Mas existem, são os outros. São gentes...gentes que cruzam o meu caminho e em mim deixaram o seu rasto.
Partes de mim, silêncios meus e até sombras de uma vida...

Um lugar, várias histórias e uma imensidão de palavras constituem a verdadeira essência das"Gentes" da minha terra.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

"Pedras no Caminho"


Aqui estou eu perante o meu conforto, rendida ao meu cansaço...senti falta de gritar, de discutir e de partilhar toda a confusão que paira na minha cabeça. Fechei os olhos e quis adormecer, mas a ansiedade incontrolada de escrever despertou-me. Abri o portátil e comecei...

Questionei a vida, questionei o momento, questionei os sentimentos e tudo o que os envolve...

Pensei em mim, pensei nos outros, em quem me faz feliz, em quem me entristece e até naqueles que me repugnam...

Senti orgulho, senti magoa e por vezes até repulsa...

Escrevi, libertei, mas nos instantes seguintes livrei-me de todas aquelas palavras e esqueci...

Procurei um conforto e regressei aos primórdios...encontrei-o e absorvi cada palavra, cada expressão e cada mensagem do seu poema. Conversei entre linhas e percebi o seu verdadeiro significado...

"Pedras no Caminho"

"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço que a minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá à falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.

É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um "não".
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."
(Fernando Pessoa)

Até breve!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O herói de alguém...



O encontro com um herói...

Entrei, estava deitado sobre a mesa e o seu ar cansado declarava todo o esforço de um dia de trabalho. Nunca falamos, mas sinto que já nos conhecemos…foram tantas as conversas a seu respeito, são tantas histórias que lhe conheço e é nos olhos daqueles que me são próximos que sinto a sua relevância.

Levantou a cabeça em pequenos compassos, sorriu e fomos harmoniosamente apresentados. Fiquei contente por finalmente estar perante tal presença, figura terna e forte. Mas por breves instantes recordei aquele que me era mais próximo e que a vida me levou…os cabelos grisalhos, brilhantes, os olhos espelhados de uma vivência e experiência única e o sorriso generoso…estava coberto da mesma forma que ele se encontrava sempre que eu entrava pela porta deixando atrás as marcas do inverno. Sinto a tua falta…

Senti saudade e nostalgia pelos momentos que jamais voltarão, senti vontade do teu abraço, dos teus beijos e do orgulho reflectido nos teus olhos.

Mas hoje conheci o herói de alguém e fiquei feliz, fiquei extasiante por poder recordar o meu e saber que haverá sempre alguém que me dará um pouco daqueles que eram os nossos momentos.

Depois das desilusões, das frustrações e das más impressões é gratificante conhecer alguém que acrescenta um pouco mais à nossa história.
Até breve!

Algures por aí...


Ouves o que dizes? Interpretas as tuas palavras? Sentes cada letra? Ou simplesmente reconheces no teu ego a única resposta para as minhas questões?
Sabes que existo? Conheces a minha dor? Recordas os meus gestos? Ou simplesmente reconheces no meu ser a única razão dos teus problemas?
Sinto-me perdida em tudo o que me envolve, caminho por um labirinto de sensações, sigo as pegadas do desencontro e receio encontrar o fim de um início que nunca conheci.
Procuro uma resposta a cada instante, nos outros encontro conselhos a cada esquina mas na minha terra não há quem perceba a razão que me move.
Continuo a caminhar por caminhos redundantes mas não te encontro...onde estás “outro” que me completas mas não me assumes? Onde estás devaneio de uma viagem que não me respondes?
Estarei louca por acreditar no invisível e lutar pelo o inexistente? Estarei apenas cega por crer no difícil e aceitar o complicado? Ou estarei apenas a provar a mim mesma que estou para além do inalcançável?
Respiro, caminho para além daquilo que me envolve e procuro um sinal...

Até breve!



terça-feira, 26 de outubro de 2010

Ao som de um momento...



Sempre vi na música uma interpretação, um significado. Cada encontro musical reflecte um acontecimento, uma parte de mim, uma recordação…hoje recordei esta música e as palavras de alguém…
Cada lugar da minha terra, cada gente minha está traduzido numa letra, num som…e sempre que ouço determinada música recordo todo aquele espaço, aquele momento, aquela pessoa.
Podia dividir a minha vida numa pauta e em cada fase escrever uma letra mas deixaria sempre no vazio todas aquelas que ainda hoje me acompanham.
Esta música trás consigo muitas recordações, muitas lágrimas, muitas marcas…consigo ainda recordar as palavras e ilustrar o momento sempre que a ouço. Mas pela segunda vez voltei a ouvi-la…
Num dia como os outros mas diferente na sua essência ouvi esta música…senti tristeza e alguém me disse: quando algo te deixar triste faz com que te recorde um momento feliz. Sei que não foram exactamente estas as palavras mas ficaram presentes na minha memória. Lembro-me de sorrir e de sentir o verdadeiro significado daquela frase.
Hoje voltei a recordar, ouvi e mesmo absorvendo cada palavra desta letra sei que ainda quero ficar, ainda não consigo voltar as costas e enquanto conseguir recordar os momentos felizes vou continuar…
A verdade é que levamos tanto tempo a recordar o que nos deixa tristes que nos esquecemos de marcar aquilo que realmente nos faz sorrir…

Até breve!

domingo, 24 de outubro de 2010

Sinto Saudade...


Aqui estou eu novamente sentada no meu sofá, no meu canto, no meu lugar. Os estores ainda estão fechados, a luz é apenas transmitida pelo ecrã da tv, mas nem por isso deixo de escrever. Gosto da sensação de estar aqui, sinto que posso deixar fluir os meus pensamentos, largar algumas lágrimas e nem por isso torno-me mais solitária.

Sei que tenho de comer mas hoje sinto-me possuída pela preguiça, gostava de me poder perder neste sofá…deixar passar este domingo e sentir que amanhã é um novo dia. Mas o mundo está lá fora e espera por mim…

Mas é nestes dias que sinto saudades do cheiro das torradas, do barulho matinal e da televisão possuída por tudo o que era canais de animação. Sinto falta da desarrumação, da luta constante por um espaço no computador e da pequenina a suplicar um momento de diversão. Sinto saudades daquela que é hoje a “casa dos meus pais” como gosto de frisar sempre que lá regresso. Sinto-me invadida por uma nostalgia, por um sentimento verdadeiramente lusitano, saudade daquele que nunca deixará de ser o meu lar.

Este é o verdadeiro poder da família…podemos partir, podemos estar bem longe, até podemos estar de costas voltadas mas aquele seio será sempre o mais seguro, o mais protegido e o mais nosso. Mas se algum dia nos desiludirem, nos fizerem sentir tristes ou mesmo não acreditarem em nós nunca deixarão de nos pertencer…

Abro os estores, respiro fundo, sinto a brisa e ao fundo pequenos raios de sol…mesmo que seja por pouco tempo vai ser bom regressar!
Até breve!

sábado, 23 de outubro de 2010

O último Adeus!



Sábado, 09H00…está sol mas o frio já se faz sentir. Sento-me no meu sofá, de onde não saí toda a noite, ligo a Tv e ao som da Vh1 deixo-me levar, novamente, pela vontade de escrever.

Foram muitos os sonos interrompidos, as voltas na cama e os pensamentos constantes…a perda de alguém é sempre tão difícil de lidar que sentimos, por vezes, que não é mais do que um sonho mau. A sensação que somos pouco mais do que nada, que a vida é tão insignificante e igualmente injusta, que em breves instantes tudo o que existe desaparece sem que o tempo tenha permitido dizer um último adeus…

Passou pouco mais de um ano e nunca tive coragem de escrever sobre ti, nunca procurei passar para o papel todo o sofrimento que senti, desabafar sobre as linhas e deixar fluir toda a raiva que se apoderou de mim. Pelo contrário, guardei cada momento, cada acontecimento, cada gesto teu…em mim. Fingi ser fácil, fingi aceitar, de alguma forma quis tomar consciência da lei da vida e mentalizar-me que tudo o que nasce mais tarde ou mais cedo morre…mas algo mudou, eu mudei.

Não sei realmente se já vivi a verdadeira fase do luto mas uma coisa é certa aquele dia transformou-me…não sou de todo a mesma e os meus olhos nunca mais ilustraram a vida da mesma forma.
Aprendi que não nos vale de nada traçar um destino, desenhar os nossos caminhos e planear a longo prazo, pois a verdade pura e crua é que não sabemos se estaremos cá amanhã para colhermos todos os frutos que durante tanto tempo semeamos.

Porquê esperar pelo amanhã para dizer o quanto amamos alguém? Porquê adiar os nossos desejos para aguardar pelo momento certo? Porquê esperar que os outros desistam daquilo que nós não temos coragem de desistir? Porquê não seguir simplesmente os nossos impulsos, o coração?

A cada dia que passa a realidade mostra-me a insignificância do tempo…as perdas tornam-se uma constante e à minha volta são muitos aqueles que choram a morte de alguém… e doí. Sentimo-nos inúteis porque não existe nada que possamos fazer para mudar aquele momento. Mas aprendi nos últimos tempos que nada é puro acaso…tudo deve servir como exemplo e se queremos homenagear aqueles que partiram é aproveitar ao máximo todos os momentos que a vida nos proporciona e seguir aquilo que realmente é verdadeiro…o nosso coração.

“Tenho saudades tuas! Sinto falta das tuas palavras sábias, das tuas histórias, da tua escrita e dos teus desenhos. Contigo aprendi que não há obstáculos inultrapassáveis, que a força que temos dentro de nós é mais forte do que qualquer recusa, que é possível aprender com os erros e que a nossa personalidade marca aqueles que nos rodeiam. Sei que nunca mais vou ver o teu rosto, nem sentir o teu abraço mas sei que estejas onde estiveres estás orgulhoso de mim. Adeus Avô!”.


Até breve!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O rosto da mudança

Tanto tempo sem escrever…sem desenhar sequer uma palavra neste blog. A ausência da minha escrita, dos meus devaneios tornou a minha essência mais vazia, mais distante. Escrever é mais do que transpor para o papel cada pensamento… é dar-lhes vida, dar-lhes consciência para depois perderem a sua intensidade e tornarem-se apenas divagações de momento.

Quando escolhi dar vida a este blog acreditei na sua essência, na sua verdadeira razão de existir… enganam-se aqueles que pensam que deixei de ter assunto, porque a cada dia que passou foram muitos os que atravessaram a minha vida, que trocaram cada linha do meu destino e moldaram cada momento meu.

Foram tantos os dias que procurei uma folha, que abri o meu word para tentar rascunhar qualquer coisa mas foram muitos os textos que ficaram por escrever, histórias por contar e verdadeiros enredos por partilhar. Mas por vezes era tudo tão intenso que tive receio de mostrar o quanto frágil é o meu mundo e tudo aquilo que me rodeia.

Quando nos sentimos tristes, desiludidos ou simplesmente perdidos tornamo-nos demasiado introspectivos, vivemos demasiado o “eu” e esquecemos que lá fora há uma vida que não pára…

A palavra mudança é aquela que mais traduz os últimos meses, pois a metamorfose é o meu estado actual. Hoje nada tem de semelhante com o ontem e o amanhã estou certa que vai ser diferente do que já passou. Estar sozinha comigo fez-me ver os outros de uma forma distante e por vezes desconfiada…fugi das minhas gentes e encontrei o meu lugar longe do meu lar. Comigo trouxe os especiais, os importantes e os inesquecíveis, para trás deixei os outros, deixei as mágoas, as falhas e algumas tristezas. Mas ainda não me despi das marcas, dos medos e das angústias de todos os dias, mas acredito que em breve a ansiedade do querer não vai ser mais do que a tranquilidade do saber viver.

Hoje decidi arrumar o meu “baú”, guardei na minha caixinha cada pedaço meu e nela encontrei tantos sorrisos, tantos rostos felizes e tantos momentos memoráveis…e como todas as arrumações consegui guardar apenas o que é bom de guardar e ainda deixei um bom espaço para tudo aquilo que ainda tenho para alcançar…

Até breve!