Horas de saída!
O relógio marca 18:40, um suspiro e um sorriso rasgado.
Apetece-me aproveitar o dia que tarda em adormecer mas sinto-me totalmente absorvida pelo cansaço. Os meus olhos cedem pelo esforço e o meu corpo tem em cada membro as marcas de uma posição sedentária.
Corro para casa e para o conforto de meu espaço. Após longos minutos de caminhada, finalmente, deixo-me levar pelo êxtase de colocar a chave na fechadura.
Os braços envolvidos de malas e sacos, o rosto pesado e a esperança de um minuto de descanso.
Do outro lado da porta ouço as tuas lamurias e ansiedades e desejo mimar-te até acalmares. Abro a porto e sinto-me absorvida pelas marcas da tua rebeldia. O meu estado altera-se e o meu rosto ganha uma força demoníaca. Dou um berro e só me apetece...nem sei. Papeis e cartão espalhados pela sala, manchas da tua incontinência nos lugares mais variados e os teus pelos por todo lado.
Por vezes pergunto-me, o que terá passado pela cabeça da minha mãe para me oferecer o símbolo mais declarado de uma solteira? Mulheres solteiras a viverem sozinhas e com gatas é cada vez mais a imagem perfeita de uma solidão permanente. Por ironia do destino consegui tornar esta ideia errada e converter esta imagem numa versão temporária.
Depois da gritaria e do dicionário completo de asneiras ter sido banalizado na minha sala, olho para ela e não consigo sentir raiva...
Parte da minha vida, companheira de lágrimas e alegrias, obstáculo ao meu conforto e descanso, mas educadora da minha paciência.
Por mais difícil que seja, por mais complexa que pareças...és minha!
Por mais difícil que seja, por mais complexa que pareças...és minha!
Até breve!
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