Final do dia... o meu corpo está estendido em conforto e tenho um sorriso no rosto. Na estante procuro um livro, procuro palavras e um sentido. Olho para ti e de volta à estante encontro "Sonetos" de Florbela Espanca. Mergulho nas suas palavras e expressões, deixo-me levar por sensações antigas e entre saudades e tristezas encontro a tradução daquilo que sinto.
Fechei os olhos e absorvi cada uma das suas palavras...agora partes de mim. Levantei parte do meu corpo em movimentos suaves para que não me ouvisses, segui a tua essência e confortei-me no teu abraço. Olhei-te nos olhos e num gesto tímido contei-te parte de uma história num intenso soneto.
Um momento, algumas palavras e vários gestos traduzidos num profundo poema...
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, vivo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!..."
Até breve!
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