Passam por mim, sinto-lhes os passos...no ar a suas respirações e nem por isso uma palavra. Mas existem, são os outros. São gentes...gentes que cruzam o meu caminho e em mim deixaram o seu rasto.
Partes de mim, silêncios meus e até sombras de uma vida...

Um lugar, várias histórias e uma imensidão de palavras constituem a verdadeira essência das"Gentes" da minha terra.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Um simples momento

Final do dia... o meu corpo está estendido em conforto e tenho um sorriso no rosto. Na estante procuro um livro, procuro palavras e um sentido. Olho para ti e de volta à estante encontro "Sonetos" de Florbela Espanca. Mergulho nas suas palavras e expressões, deixo-me levar por sensações antigas e entre saudades e tristezas encontro a tradução daquilo que sinto.

Fechei os olhos e absorvi cada uma das suas palavras...agora partes de mim. Levantei parte do meu corpo em movimentos suaves para que não me ouvisses, segui a tua essência e confortei-me no teu abraço. Olhei-te nos olhos e num gesto tímido contei-te parte de uma história num intenso soneto. 

Um momento, algumas palavras e vários gestos traduzidos num profundo poema...


Fanatismo



Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, vivo de rastros:
"Ah!  Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!..."
 
(Florbela Espanca)
 
 

Até breve!

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