Passam por mim, sinto-lhes os passos...no ar a suas respirações e nem por isso uma palavra. Mas existem, são os outros. São gentes...gentes que cruzam o meu caminho e em mim deixaram o seu rasto.
Partes de mim, silêncios meus e até sombras de uma vida...

Um lugar, várias histórias e uma imensidão de palavras constituem a verdadeira essência das"Gentes" da minha terra.

sábado, 23 de outubro de 2010

O último Adeus!



Sábado, 09H00…está sol mas o frio já se faz sentir. Sento-me no meu sofá, de onde não saí toda a noite, ligo a Tv e ao som da Vh1 deixo-me levar, novamente, pela vontade de escrever.

Foram muitos os sonos interrompidos, as voltas na cama e os pensamentos constantes…a perda de alguém é sempre tão difícil de lidar que sentimos, por vezes, que não é mais do que um sonho mau. A sensação que somos pouco mais do que nada, que a vida é tão insignificante e igualmente injusta, que em breves instantes tudo o que existe desaparece sem que o tempo tenha permitido dizer um último adeus…

Passou pouco mais de um ano e nunca tive coragem de escrever sobre ti, nunca procurei passar para o papel todo o sofrimento que senti, desabafar sobre as linhas e deixar fluir toda a raiva que se apoderou de mim. Pelo contrário, guardei cada momento, cada acontecimento, cada gesto teu…em mim. Fingi ser fácil, fingi aceitar, de alguma forma quis tomar consciência da lei da vida e mentalizar-me que tudo o que nasce mais tarde ou mais cedo morre…mas algo mudou, eu mudei.

Não sei realmente se já vivi a verdadeira fase do luto mas uma coisa é certa aquele dia transformou-me…não sou de todo a mesma e os meus olhos nunca mais ilustraram a vida da mesma forma.
Aprendi que não nos vale de nada traçar um destino, desenhar os nossos caminhos e planear a longo prazo, pois a verdade pura e crua é que não sabemos se estaremos cá amanhã para colhermos todos os frutos que durante tanto tempo semeamos.

Porquê esperar pelo amanhã para dizer o quanto amamos alguém? Porquê adiar os nossos desejos para aguardar pelo momento certo? Porquê esperar que os outros desistam daquilo que nós não temos coragem de desistir? Porquê não seguir simplesmente os nossos impulsos, o coração?

A cada dia que passa a realidade mostra-me a insignificância do tempo…as perdas tornam-se uma constante e à minha volta são muitos aqueles que choram a morte de alguém… e doí. Sentimo-nos inúteis porque não existe nada que possamos fazer para mudar aquele momento. Mas aprendi nos últimos tempos que nada é puro acaso…tudo deve servir como exemplo e se queremos homenagear aqueles que partiram é aproveitar ao máximo todos os momentos que a vida nos proporciona e seguir aquilo que realmente é verdadeiro…o nosso coração.

“Tenho saudades tuas! Sinto falta das tuas palavras sábias, das tuas histórias, da tua escrita e dos teus desenhos. Contigo aprendi que não há obstáculos inultrapassáveis, que a força que temos dentro de nós é mais forte do que qualquer recusa, que é possível aprender com os erros e que a nossa personalidade marca aqueles que nos rodeiam. Sei que nunca mais vou ver o teu rosto, nem sentir o teu abraço mas sei que estejas onde estiveres estás orgulhoso de mim. Adeus Avô!”.


Até breve!

2 comentários:

Nídia disse...

Correram-me as lágrimas quando li tudo isto!!! Também sinto muitas saudades de quem já partiu do pé de mim. Parabéns! Conseguiste escrever o que também me vai na alma.

o mesmo de sempre. disse...

parabens pelo que passaste para uma simples tela. devias pintar.
ainda nao passei essa fase, mas sei que vou partilhar cada palavra.
aproveito cada momento com o meu.